Cinema e Literatura Espanhola
O Cinema é um invento da Revolução Industrial, um aparelho que deveria produzir um efeito ótico de imagens em movimento e que pudessem ser apreciado por um coletivo. Os Irmãos Lumière em 28 de dezembro de 1895 apresentaram o Cinematógrafo, um aparelho que captava, revelava e projetava imagens impressas em um filme. A princípio eram fragmentos rápidos de realidade e cotidianidade, porém algumas pessoas encantadas com esse aparelho, viram o potencial de contar histórias, sejam elas, teatro gravado ou experimentalismos visuais. Porém alguns criativos pensaram em inspirar-se na literatura. O realizador George Méliès (1861-1935) tentou comprar um cinematógrafo dos Lumière e depois da negativa decidiu construir o seu próprio aparelho.
Méliès se inspirou na literatura para a criação de suas fantasias e sonhos. Os livros de Júlio Verne (1828-1905), ilusões como a “Viagem à Lua” ou “Viagem ao centro da Terra” e tantas outras fantasias que alimentaram os sonhos dos espectadores. O Cinema também se inspirou na literatura espanhola para a realização de novos filmes nos anos 50 e 60, e que de tempos em tempos aparecem com novas roupagens e interpretações. Vários diretores se inspiraram no personagem de Miguel de Cervantes (1547-1616), Dom Quixote. Arthur Hiller em 1972, realiza “O Homem de la Mancha” com Peter O’Toole e Sophia Loren e em 2018, Terry Gillian realiza “O Homem que matou Dom Quixote”. Anthony Mann realiza em 1961, “El Cid” a história de Don Rodrigo Díaz de Bivar, interpretado por Charlton Heston e Sophia Loren. Nos anos 50, a Espanha foi cenário de diversos filmes hollywoodenses como “Lawrence de Arábia” (1962) de David Lean que utilizou locações em Almería e do Parque Nacional de Doñana. Outro filme épico é Cleópatra (1963) de Joseph L. Mankiewicz com Elizabeth Taylor e Richard Burton.
O Cinema Espanhol é um dos mais prolíferos da Europa, conta com realizadores como Luis Buñuel, Carlos Saura, Fernando Truebas e Pedro Almodóvar, nomes como Pilar Miró, Isabel Coixet, Paula Ortiz e um número significativo de atores e técnicos com reconhecimento internacional. Tendo como referência o Oscar estadunidense, 20 filmes espanhóis foram indicados ao Oscar de Melhor filme internacional, sendo que quatro foram premiados, “Volver a empezar” (1982) de José Luis Garci, “Belle Époque” (1993) de Fernando Truebas, “Todo sobre mi madre” (1999) de Pedro Almodovar e “Mar adentro” (2004) de Alejandro Amenábar.
Assim como no cinema de Mélièr, o cinema espanhol se inspira na literatura de seu país, suas histórias, dramas, guerras e amores. O Cinema espanhol registra as memórias e tristezas da guerra civil (1936-39) e posteriormente os difíceis anos da ditadura de Francisco Franco. “Por quem tocam os Sinos” (1943) de Sam Wood, com Gary Cooper e Ingrid Bergman, baseado na obra de Ernest Hemingway. O livro de Federico Garcia Lorca, “A Casa de Bernarda Alba” (1987) de Mario Camus com Ana Belén e Irene Gutierrez. Outro livro de Lorca que foi transformado em cinema é “Bodas de Sangue” (1981) de Carlos Saura.
A Guerra Civil foi inspiração para diversos livros e filmes como “A Língua das Mariposas” do diretor e escritor José Luis Cuerda. “Soldado de Salamina” (2003) De David Truebas, do escritor Javier Cercas e atuações de Adriana Gil e Ramon Fontserè. “La Voz Dormida” (2013) de Benito Zambrano baseado na novela de Dulce Chacon. “Si te dicen que caí” (1989) de Vicente Aranda, baseada na novela de Juan Marcé, com a atuação de Vitoria Abril, Jorge Sanz e Antonio Banderas. “Los Girasoles ciegos” (2008) de José Luis Cuerda, que também escreveu o livro, com atuações de Javier Camara e Maribel Verdú. “La Colmena” (1982) de Mario Camus, baseada na novela de Camilo José Cela, com Francisco Rabal, Ana Belén y José Sacristán.
Desde o Exilio o realizador Luis Buñuel filma “Nazarin” (1959) com Francisco Rabal e Rita Macedo. “Veridiana” (1961) com Silvia Pinal e Francisco Rabal e “Tristana” (1971) com Catherine Deneuve e Franco Nero, os três são baseados na obra de Benito Pérez Galdés. Outros filmes mais costumbristas e menos políticos são “A Tia Tula” (1964) de Miguel Picazo, baseada na obra de Miguel Unamuno com Aurora Batista e Carlos Estrada. “Os Santos Inocentes” (1984) de Mario Camus baseadas na obra de Miguel Delibes com Francisco Rabal e Alfredo Landa. “As idades de Lulú” (1990) de Bigas Luna, com Francesca Neri e Maria Barranco, baseado na obra de Almuneda Grande.
Por Netflix podemos ver alguns filmes como “Não Olhes aos olhos” (2022) baseada na obra “Desde a sombra” (2016) de Juan José Millas e dirigida por Félix Viscarret. A trilogia de Dolores Redondo nos filmes “O Guardião invisível” (2017), “O Legado dos Ossos” (2019) e “Oferenda à Tempestade” (2020). “As linhas torcidas de Deus” (2022) dirigido por Oriol Paulo e baseado na novela de Torcuato Luca de Tena. Pedro Almodovar realiza “Julieta” uma adaptação da novela de Alice Munro com Emma Suarez e Adriana Ugarte.
Uma lista significativa da produção literária e audiovisual da cultura e idiossincrasia de um país com características especiais na península Ibérica, de potência e auge cultural no século XV, desbravadora das descobertas marítimas a decadência política e econômica no século XX. A España da atual Europa é uma nação em constante divisão, ameaçada de autonomias e independências territoriais e porta de entrada de imigrantes indesejados. O Cinema espanhol permite conhecer e aprender muito deste país que viveu o auge e a decadência do poder imperial.
Assista a apresentação em espanhol sobre cinema e Literatura espanhola no Canal do Youtube do Rincon del Poeta:
Viva o Cinema e o Cineclubismo.
Por Francisco Lillo
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